quinta-feira, 17 de março de 2022

... guerra ... ainda ...

 


São meus filhos. Gerei-os no meu ventre.

Via-os chegar, às tardes, comovidos,

nupciais e trementes

do enlace da Vida com os sentidos.

 

Estiveram no meu colo, sonolentos.

Contei-lhes muitas lendas e poemas.

Às vezes, perguntavam por algemas.

Respondia-lhes: mar, astros e ventos.

 

Alguns, os mais ousados, os mais loucos,

desejavam a luta, o caos, a guerra.

Outros sonhavam e acordavam roucos

de gritar contra os muros que há na Terra.

 

São meus filhos. Gerei-os no meu ventre.

Nove meses de esperança, lua a lua.

 

Grandes barcos os levam, lentamente...

 

... poema "Guerra", de Natércia Freire, in "Liberta em Pedra"


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