quinta-feira, 12 de maio de 2022

... Lisboa ...

 


Lisboa chora dentro de Lisboa

Lisboa tem palácios sentinelas.

E fecham-se janelas quando voa

nas praças de Lisboa — branca e rota

a blusa de seu povo — essa gaivota.

 

Lisboa tem casernas catedrais

museus cadeias donos muito velhos

palavras de joelhos tribunais.

Parada sobre o cais olhando as águas

Lisboa é triste assim cheia de mágoas.

 

Lisboa tem o sol crucificado

nas armas que em Lisboa estão voltadas

contra as mãos desarmadas — povo armado

de vento revoltado violas astros

— meu povo que ninguém verá de rastos.

 

Lisboa tem o Tejo tem veleiros

e dentro das prisões tem velas rios

dentro das mãos navios prisioneiros

ai olhos marinheiros — mar aberto

— com Lisboa tão longe em Lisboa tão perto.

 

Lisboa é uma palavra dolorosa

Lisboa são seis letras proibidas

seis gaivotas feridas rosa a rosa

Lisboa a desditosa desfolhada

palavra por palavra espada a espada.

 

Lisboa tem um cravo em cada mão

tem camisas que abril desabotoa

mas em maio Lisboa é uma canção

onde há versos que são cravos vermelhos

Lisboa que ninguém verá de joelhos.

 

Lisboa a desditosa a violada

a exilada dentro de Lisboa.

E há um braço que voa há uma espada.

E há uma madrugada azul e triste

Lisboa que não morre e que resiste.

 














... poema “Lisboa perto e longe”, de Manuel Alegre





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terça-feira, 10 de maio de 2022

... com as mãos da minha Mãe ...

 

















O júri do “MAP – Mostra de Artes da Palavra” decidiu atribuir-me o 1º lugar no seu concurso de fotografia de 2022, com o tema “Partilhar”, relativamente a esta foto onde captei as mãos da minha querida Mãe. Há lá melhor símbolo de partilha?

Entretanto a Raquel Serejo Martins escreveu um poema com base na fotografia (texto a que ainda não tive acesso…), o qual a Rita Redshoes musicou e cantou no espetáculo multimédia d'A Secreta Vida das Palavras no passado dia 8 de maio de 2022, no Auditório Eunice Munhoz, em Oeiras. 




O som da gravação que fiz está mauzito, mas, como dá para dar uma ideia do que se passou no espetáculo, resolvi partilhar aqui uma pequena parte …

 


Espero que o MAP publique em breve uma gravação razoável do espetáculo poético-musical onde decorreu a apresentação das várias fotografias escolhidas (10), que foram transformadas em poesia e música por vários escritores e músicos com sensibilidades diversas, o que permitiu um evento bem saboroso.



No blogue “Somos Livros” da Bertrand Livreiros é este o retrato de Raquel Serejo Martins … (1974) é economista, vegetariana, dançava flamenco, agora estuda violoncelo, tem três gatos, vive em Lisboa. Todos os dias ouve uma canção do Sinatra, do Sabina ou do Buarque. Todos os dias lê pelo menos um poema. Tem em papel dois romances: A Solidão dos Inconstantes (2009) e Pretérito Perfeito (2013), seis livros de poesia: Aves de Incêndio (2016), Subúrbios de Veneza (2017), Os Invencíveis (2018), Plantas de Interior (2019), Silêncio Sálico (2020) e Valsa a Vau (2021), e uma peça de teatro: Preferia estar em Filadélfia (2019). Já escreveu duas canções.

… agora escreveu três …


Quanto à Rita Redshoes, desafio a que vejam o seu percurso desde quando era a baterista Rita Pereira … o que podem fazer AQUI  (o site está a precisar de atualização pois parece que após 2014 nada aconteceu, quando sabemos bem que não tem sido assim …)





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sábado, 7 de maio de 2022

... fé ...




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terça-feira, 3 de maio de 2022

... a vida é trem bala ...

 















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Segura teu filho no colo Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui Que a vida é trem bala, parceiro E a gente é só passageiro prestes a partir

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