sexta-feira, 30 de abril de 2010

... artista da retro ...

Quem sabe, sabe!
... e até para manobrar uma pesada retroescavadora …
... fica bem alguma imaginação!

Tou ficando atoladinha ...

O refrão da "atoladinha" é um metarefrão, microtonal e polisembiótico!

Claro como água!

Grande Tom Zé!!!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

domingo, 25 de abril de 2010

Revolução ... hoje foi o dia ... hoje é o dia!


A distância do tempo vai revelando quão simples, mas também quão eficaz, foi a revolução que nos conduziu à liberdade que agora aos poucos vamos perdendo ...

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Não há nada pra ninguém

Uma das grandes vantagens de todas as semanas estar a fazer uma viagem de comboio até Lisboa, tem sido a possibilidade de ouvir muita música. O Iphone que os meus filhos me ofereceram têm uns robustos 32 gigas de espaço o que me tem permitido transferir alguns dos CDs que estão ali parados na estante a aguardar que o lento pó dos tempos os vá tapando e protegendo.

Entre as coisas que digitalizei encontrei uma pérola que já não escutava há vários anos. O lendário Mário Mata a cantar o “Não há nada para ninguém”. Lembram-se? Pois é música portuguesa da melhor e a letra da canção, à qual provavelmente nunca prestaram atenção, merece que eu aqui a reproduza, até porque tem a ver com a minha vizinha cidade de Lagos, terra essa que foi e continua a ser uma das paixões da minha vida.

Pois então, escutem lá a música (por exemplo vendo o vídeo que vos sugiro retirado de um também saudoso vinil cheio de batata frita) e acompanhem com atenção a letra que se segue.

http://www.youtube.com/watch?v=yPuq0lT7RQU

Vamos embora Manel !!! E não há fumos pra ninguém
Não há mulheres pra ninguém
Não há homens pra ninguém
Não há nada pra ninguém

Certo dia em Lagos ao passar de caminho
Para o Parque de Campismo gritei ‘Ai Toninho !!! `’
Qual não era o meu espanto
Que ao meu lado direito
Julgava estar a ver mal
Belisquei-me, estava feito
Um Parque de Campismo Especial de Corrida para os Senhores Militares, é
inacreditável !!!

(Refrão)
Em Lagos não há Piscinas, Parques Culturais
E todas as tentativas são cortadas pelos tais
Se dormires na praia, vem o Cabo do Mar
Se cantares na rua à Esquadra vais cantar (o Vira )
Bate baixo a bolinha bate bate pianinho se por cá queres andar
Que a Judite anda doidinha por te pôr a pata em cima e por te agarrar
E lá não há… lá não há…

(Refrão)

Se jogam contigo, joga duro com eles
Se te batem de forte, dá-lhes mais forte ainda
E aplica-lhes a táctica, do papel higiénico
Rasga por todos os lados, menos pelo picotado
Joga-lhes na mesma moeda, meio tostão furado e uma volta ao bilhar grande
Paga-lhes na mesma moeda, meio tostão furado e uma volta ao bilhar grande


Mário Mata - Escrito em Agosto de 1980 em Lagos

(Editado em Maio de 1981 LP Polygram)


É ou não é um must?

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A rica teve um menino ...

Há dias no Tribunal de Portimão foi julgada e condenada uma figura conhecida no jet-set lisboeta que dá pelo nome de David Mota.

Não sei quem é a criatura (nem quero saber!) mas, tanto quanto li, trata-se do filho mais velho de Maria das Dores, também ela figura badalada (entretanto presa por ter mandado matar o seu segundo marido, o empresário Paulo Cruz – coisas de gente nobre!)

Lembrei-me disto, porque numa recente visita a casa da minha irmã, quando estava sentado no trono a devolver ao mundo alguns excedentes, estive a ocupar o tempo com um desfolhar de umas revistas que a mana guarda no sítio que elas merecem: o WC. Numa delas (que penso ser uma “Caras”) choquei com uma foto desse tal David Mota e não pude deixar de pensar com os meus botões, alguns deles caídos junto ao chão: “Que bonito rapaz!”

Lembrei-me, então da canção dos velhos Trovante quando o Repressa cantava “a rica teve um menino e a pobre pariu um moço”.

E recordei por exemplo o moço Ronaldo, parido pela Dona Dolores.

Comparar o menino dado á luz pela Maria das Dores, com o moço parido pela Dona Dolores (se o parto é uma coisa dorida, estas mulheres têm nomes a condizer!) é coisa que vos trago hoje.

David Mota (Fotos: Salvador Esteves)


davidmotta__2__1.jpg























E pergunto:

Dá para confundir a obra-prima da mestra, com a prima da mestra de obras?


domingo, 11 de abril de 2010

... pernas indescritíveis que alucinam ...

“Mal tomara assento na plateia, quando aparece em cena a célebre Josefina Baker, inteiramente nua, a dançar, ou a parodiar, com jeitos e esgares de infantil singeleza, uma dança de pretos. Esta Josefina, moça de vinte anos, é uma mulata americana, com feições de branca, muito bem esculpida, cinta fina, seio forte e firme, e umas pernas indescritíveis que alucinam. Deslumbrado fiquei (mesmo depois de a ver sumir-se, definitivamente, nos bastidores) e tão diferente do que eu era até àquele instante, que me ergui e sem a mínima hesitação caminhei direito ao ‘bar’ e pedi um duplo whisky. Para melhor saborear a peregrina bebida, acendi um charuto de palmo (voltando ao fumo que eu renegara, vitoriosamente, oito meses antes), e pus-me a rememorar, com ardente voluptuosidade, as pernas da bailarina”.

Quem escreveu este texto, foi Presidente da República de Portugal (e digo foi porque o actual era incapaz de escrever um texto sobre a beleza de uma dançarina striper - nunca saberemos se ele consegue apreciar outra mulher para além da sua elegante Maria!).

Alguém consegue adivinhar quem foi o bom vivant escritor?

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A resposta é efectivamente (como sugeriu o Anónimo que comentou):

Manuel Teixeira Gomes

(in Contos a Columbano – Obras Completas de Manuel Teixeira Gomes, Bertrand Editora, 1989)

Agora que aqui por Portimão se festejam os 150 anos do seu nascimento (nasceu em 27 de Maio de 1860 e morreu em 18 de Outubro de 1941), não podia deixar de também aqui trazer à memória este grande portimonense (ainda que com um texto light como o citado …

Manuel Teixeira Gomes foi Presidente da República entre 1923 e 1925.

sábado, 10 de abril de 2010

Onde mija um português …

Há dias, viajando de comboio, lia a crónica de António Lobo Antunes publicada na revista Visão de 1 de Abril de 2010, e o escrito até me pareceu mentira …

Escreveu Lobo Antunes na crónica que podem ver na íntegra AQUI, com o título “Crónica de muito amor”:

(…) Com o meu irmão Pedro, por exemplo, darmos o braço é fazermos chichi juntos, no escuro, junto à cascata do jardim dos meus pais, com um comentário sobre o jacto respectivo. Depois sacudirmos os pingos ao mesmo tempo porque a pila não sabe fungar. Então abotoamo-nos e cada um vai para o seu lado, em silêncio. Deve ser difícil as mulheres entenderem isto mas, para os homens, fazer chichi lado a lado, ao ar livre, é sinal de amizade, a olharmos para baixo, cheios de duplos queixos. Tanto che che che nesta frase. Fazer chichi na rua é um dos meus prazeres, devo ter sido cachorro noutra encarnação. Detesto urinóis, retretes: haverá alguma coisa que se compare à exaltação de mijar contra uma parede? Às vezes, a seguir ao jantar, digo ao Pedro - Já mijaste? sabendo que ele estava à minha espera para essa celebração da cumplicidade. Nem que sejam três gotas faz-se um esforço. Vemos as árvores, vemos o muro, não nos vemos um ao outro mas estamos ali. Nem quero pensar na ideia de fazer chichi sozinho. No fim pergunta-se - Como é que estás? sabendo que o parceiro se cala.

Para quem viajava apertadinho no comboio, esta leitura era um desafio à resistência bexigal! Com uma janela virada para os agora verdes e floridos campos alentejanos, não pude deixar de pensar no quão agradável é um chichi ao ar livre, encostado a uma árvore. Admito também ter tido alma canina noutra encarnação! E que bom é recordar a juventude, melhor a meninice, quando à saída da escola nos alinhávamos em fila para transformar a valeta em urinol! Há quanto tempo Deus meu! Pode parecer pouco higiénico … mas o prazer tem que conter alguns excessos. E quantas vezes sorrimos e repetimos em coro ao som dos salpicos amarelados:

“Quando mija um português, mijam sempre dois ou três!”

terça-feira, 6 de abril de 2010

O Avô Henrique

Nunca percebi porque foi assim … mas a verdade é que nunca tive uma muito boa relação com o Ti Henrique ............. (… nunca me perdoou ter-lhe roubado a filha!)

Ainda assim, devo revelar que a pena da sua ida me fez os olhos brilhar várias vezes … e devo referir que são raras as situações em que vejo os meus olhos serem inundados por lágrimas de emoção…

Não foi um choro provocado pelo choque da notícia, pela saudade, nem mesmo pela pena do homem que vi sofrer muito nestes últimos anos (… sofrer como ninguém merece …)

Os meus olhos brilharam quando a filha, emocionada com a notícia da morte do pai, me disse que ia anunciar (via facebook) que “no céu havia mais uma estrela” …

Tive que limpar os olhos quando vi e ouvi o filho discursar para os presentes no funeral, frisando que o pai tinha sido um homem simples, que tinha tido uma vida simples … como efectivamente teve …

… e, por fim … chorei quando deixei o corpo morto numa capela na sua terra natal e, já madrugada adentro, me fiz à estrada a caminho da capital … sozinho. Na rádio passou a música que a seguir vos deixo. Angel … (eu gosto muito desta música, como aliás já anunciei neste blogue, assim como gostei do filme que a revelou). Ouvi-la à saída de um velório, numa auto-estrada deserta, perdido no turbilhão de pensamentos que estas situações implicam … levou a que a vista me ficasse uma vez mais turva com a emoção. E nessas alturas, o melhor é deixar a alma comandar …

http://www.youtube.com/watch?v=i1GmxMTwUgs&feature=related

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Quando vemos alguém morrer é inevitável que pensemos no que acontece depois do coração parar … não sei se o Ti Henrique se converteu em mais uma estrela no céu, se se transformou num novo anjo, ou se é tudo bem mais simples … como foi a sua vida … e apenas restam as cinzas da memória …

Seja como for, cá na terra já não temos o Avô Henrique …

sábado, 3 de abril de 2010