sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
Gisela João
Não sei, não sabe ninguém
Por que canto o fado
Neste tom magoado
De dor e de pranto
E neste tormento
Todo o sofrimento
Eu sinto que a alma
Cá dentro se acalma
Nos versos que canto
Foi Deus
Que deu luz aos olhos
Perfumou as rosas
Deu oiro ao sol
E prata ao luar
Foi Deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
E pôs as estrelas no céu
E fez o espaço sem fim
Deu o luto as andorinhas
Ai!, e deu-me esta voz a mim
Se canto
Não sei o que canto
Misto de ventura
Saudade, ternura
E talvez amor
Mas sei que cantando
Sinto o mesmo quando
Se tem um desgosto
E o pranto no rosto
Nos deixa melhor
Foi Deus
Que deu voz ao vento
Luz ao firmamento
E deu o azul às ondas do mar
Foi Deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
Fez poeta o rouxinol
Pôs no campo o alecrim
Deu as flores à primavera
Ai!, e deu-me esta voz a mim.
Letra do fado “Foi Deus” de Amália Rodrigues
Claro que gostava de ir ver (e principalmente ouvir) a Gisela João no Coliseu. Como ninguém me ofereceu um bilhete e como Lisboa está ali tão longe, vou vê-la (e ouvi-la) no Youtube. Os que vão (ou já foram no Coliseu do Porto) e os que, como eu, têm
pena de não ir, podem vê-la, por exemplo neste vídeo, onde encanta a Joss Stone
que, com ela, tenta brincar aos fados:
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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
De ramo em ramo
O branco do linho ou dos muros
do sul,
o carmim matutino,
o claro azul mediterrâneo, o limão
húmido ainda,
o laranja, o verde das oliveiras
prateado, o amarelo exausto
de glória, o violeta adormecido
da flor que lhe dá o nome,
o ocre do trigo ceifado,
o negro quase
materno da terra lavrada,
é nos olhos que são ave
de ramo em ramo concertada.
Eugénio de Andrade, Alentejo
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
A Glória, coroando o Génio e o Valor
Subir ao Arco da Rua Augusta é saborear uma fantástica vista
da mais bela cidade do mundo e sentir a história de um povo que foi grande e
sempre será enorme.
Subam! Já subiram! Voltem a subir!
A Glória, coroando o Génio e o Valor
(esculturas de Célestin Anatole Calmels)
VIRTVTIBVS MAIORVM VT SIT OMNIBVS DOCVMENTO.PPD
“Às Virtudes dos Maiores, para que sirva a todos de
ensinamento. Dedicado a expensas públicas”.
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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
Processo
As palavras mais simples, mais comuns,
As de trazer por casa e dar de troco,
Em língua doutro mundo se convertem:
Basta que, de sol, os olhos do poeta,
Rasando, as iluminem.
José Saramago, Os Poemas Possíveis
PS - Para o Ideiafix - hoje é dia de festa!...
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
Coimbra joanina
Fui há dias visitar a Biblioteca Joanina da Universidade de
Coimbra, em cujo portal se pode ler “Lusiadae, hanc vobis sapientia condidit
arcem: ductores libri; miles et arma labor” (cuja tradução parece ser "Da
sapiência, ó Lusos, eis o alcaçar: onde por capitães os livros tendes; por
armas e soldados a fadiga"). É bonito!
Porque a universidade é tutelada por malta conservadora, não
deixam tirar fotografias no interior. Mas basta “googlar” para encontrar um sem
número de imagens onde podem ver aquela esplendorosa biblioteca. Se ainda não
conhecem … recomendo.
No exterior olhando para a “cabra” da universidade, está uma
estátua de D. João III.
Mas, o “joanino” da biblioteca não se refere a este João III
mas ao João V, o Rei Magnânimo, o grande mecenas sob cuja égide se verificou a edificação
da biblioteca.
D. João III está por ali esculpido porque foi no seu reinado
que a Universidade foi transferida
definitivamente para Coimbra.
A formação humanista de D. João III, “o Piedoso” levou a que
no seu reino houvesse grande apoio à cultura. Nas Letras sobressaíram Gil Vicente (aquando do nascimento
de D. João é representado na câmara da rainha o Auto da Visitação ou Monólogo do Vaqueiro), Garcia de Resende, Sá de Miranda, Bernardim
Ribeiro, João de Barros e sobretudo Luís de Camões. Nas Ciências, Pedro Nunes e
Garcia de Orta.
O monarca
atribuiu bolsas de estudo em países estrangeiros, fundou colégios, alargou o
ensino pelo país, apoiando os Jesuítas, que foram admitidos em Portugal. Apoiou
também a missionação pelos vários continentes, processo em que sobressaíram São
Francisco Xavier no Oriente e o padre Manuel da Nóbrega no Brasil.
D. João III era
filho de D. Manuel I (que lhe roubou a noiva quando enviuvou!) e de D. Maria de
Castela. Nasceu em 1503 em Lisboa, onde faleceu em 1557.
Foi o décimo
quinto rei de Portugal (1521-1557). Casou, em 1525, com D. Catarina de Áustria,
irmã da rainha D. Leonor e de Carlos V.
Sucedeu-lhe o seu neto D. Sebastião, que tinha 3 anos de
idade quando D. João III morreu. E aí começou a desgraça que se conhece …
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