quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Quem deu a Janeiro tais maquinações

Janeiro não é de confiar. Dispõe

De estratagemas. Um gato não seria

Mais astucioso















Janeiro manda-nos a neve e a geada

Para que brinquem connosco à cabra-cega

Na esperança de nos ver, no ardor do jogo,

Cair desamparados, fracturando

Ossos e perdendo dentes

E rasgando roupas – e Janeiro

A rir-se disso.








Quem deu a Janeiro tais maquinações,

Tão longo catálogo de facas,

Tão certeira pontaria com que nos crava

Na carne as facas e na alma

As maquinações?




“Quarteto de Janeiro”, parte 3, de A. M. Pires Cabral, in “Caderneta de Lembranças” 




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1 comentário:

valkryfahrner disse...
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