sábado, 7 de fevereiro de 2015

Afterglow



É sempre comovente o pôr do sol
por indigente ou berrante que seja,
mas ainda bem mais comovedor
é o brilho desesperado e derradeiro
que enferruja a planície
quando o último sol ficou submerso.
Dói-nos reter essa luz tensa e clara,
essa alucinação que impõe ao espaço
o medo unânime da sombra
e que para de súbito
quando notamos como é falsa,
quando acabam os sonhos,
quando sabemos que sonhamos.


Jorge Luís Borges, Fervor de Buenos Aires

Sem comentários: