Fotografia de Sophia Vieira
Já confessei aqui a minha paixão pelo fado e como aprecio a
voz do momento.
Num post no facebook a Gisela João, com a sua linguagem bonita de tão simples,
referiu o que sobre ela foi publicado AQUI.
Ela vai estar no Vodafone Mexefest, sábado 30 de Novembro,
às 20h45 na Sociedade de Geografia de Lisboa. E a autora do escrito (Mariana
Duarte), explica com uma clareza inatacável as razões que me (nos) deviam fazer ir à
Sociedade de Geografia de Lisboa (sítio onde estive há pouco tempo pela
primeira vez e que me surpreendeu, muito, pela beleza do interior e pelo
interesse dos objetos expostos). Ainda não visitaram? Para esse efeito, a noite
do próximo sábado é capaz de não ser a melhor opção pois é lá que vai estar a
cantar a fadista do momento.
Como eu não sei quanto tempo o link que indiquei vai estar acessível
(confesso que nunca tinha ouvido falar do vice.com) transcrevo o conteúdo.
Vamos aos fados?
Não gostas de fado? Toma cinco razões para ires ver a Gisela
João
Se o fado nunca fez nada por ti (estamos juntos nisso) é
provável que a Gisela João te surpreenda. Quem não for vê-la ao Vodafone
Mexefest, no sábado, 30, não sabe o que perde. Sobretudo depois de ler este
texto, que te dá cinco razões altamente convincentes para o fazeres.
É nascida e criada em Barcelos. É logo um ponto a favor de
alguém. Barcelos, conhecida como a cidade do rock, é a terra do Milhões de
Festa, o berço de bandas superlativas do campeonato nacional, como The
Glockenwise e Black Bombaim, e onde a taina é uma coisa muito séria. O facto de
a Gisela João ser de lá é mais uma confirmação de que aquela cidade está cheia
de petróleo.
Não é uma beta como outras. Gisela João (não Gigi ou
qualquer outra inflexão burguesa irritante do nome) não nasceu em berço de
oiro, mas sim numa família de proletários: a mãe era trabalhadora fabril, o pai
emigrante; foi criada pela avó e ainda tomava conta dos irmãos mais novos. Teve
de fazer pela vida — canta fado deste pequenina mas só foi para a capital em
2010; até aí teve de fazer tudo sozinha. Apesar de já ter sido considerada a
fadista do século XXI por gente como o Miguel Esteves Cardoso, continua a ser
uma miúda humilde e a agradecer perdidamente cada elogio que lhe fazem. Ainda
por cima prefere cantar no meio do povo do que em casinos e não tem aquela
postura messiânica ridícula de quem acredita carregar o legado da Amália. Sem
esquecer que fala português em todo o seu esplendor: carrega no calão nas
entrevistas, não pede ao jornalista para voltar atrás e saem-lhe da boca
pedaços de prosa como “malhar finos”, “fugir com o cu à sardinha quente” ou “tive
na minha frente um público que foi de arrepiar o caraças da pedra mais fria de
gelinho que a Antárctica tenha para lá escondidinha”. Como não gostar?
É incrível ao vivo. Pode não ter a voz mais cronometrada e
escovadinha do mundo, mas tem um carácter que trepa pelos ouvidos. Além disso,
põe tudo cá para fora: varre tudo com uma emoção que até te faz esbugalhar os
olhos. Sente aquilo que está a cantar daqui até ao céu. E isso é bonito de se
ver.
Sabe que o que é bom é para mostrar. A Gisela podia perfeitamente
ser aquela amiga fixe, esperta e gira que vai connosco para os copos (perdão,
malhar finos). Em vez dos trajes pretos e dos vestidos pudicos que tanto se
vêem no meio do fado, prefere usar vestidos com pinta que não lembram as avós
de luto nem a roupa foleira de muitas fadistas da nova geração. Vestidos bem
curtos, porque aquelas pernas merecem andar ao léu. Além disso, desenha e cose
alguma da roupa do próprio armário, usa peças da Alexandra Moura (designer de
moda portuguesa a ter em conta), tem tatuagens e fotos com gatos no Facebook.
Recapitulando: Vodafone Mexefest, sábado 30, às 20h45 na
Sociedade de Geografia de Lisboa. Estamos combinados, ok?
Compreendi-te Mariana Duarte!
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