quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

22ª Corrida Fotográfica de Portimão – Edição Online

Apesar de em 2022 a Corrida Fotográfica de Portimão ter voltado aos seus moldes de maratona presencial, na sequência das experiências realizadas durante o período de pandemia, este ano mantiveram a realização de uma corrida online, a que chamaram Edição Especial – “Vida”, em que foi proposto aos concorrentes do mundo inteiro que fotografassem os seguintes quatro temas:

Tema 1: “A Incerteza da Vida”

Tema 2: “Resistência, Resiliência e Sobrevivência”

Tema 3: “ Será isto que me faz feliz?”

Tema 4: “Um Frágil Património”


Foi com estas imagens que, nesta corrida especial, consegui o Prémio Especial do Júri:





Tema 1: “A Incerteza da Vida”







  Tema 2: “Resistência, Resiliência e Sobrevivência”













Tema 3: “ Será isto que me faz feliz?”







Tema 4: “Um Frágil Património”






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22ª Corrida Fotográfica de Portimão

Cá estou de novo para publicar as imagens que me permitiram ganhar mais um 1º prémio neste evento fotográfico, que, depois da pandemia, voltou finalmente ao velho formato, com a presença dos fotógrafos a percorrer os vários passos da corrida para fotografar os diversos temas propostos que este ano foram:

Tema 1: “Entre o rio e a terra firme”

Tema 2: “Vidas de trabalho”

Tema 3: “Ruas que contam histórias”

Tema 4: “Um património natural”

Tema 5: “Do antigo se faz novo”

Tema 6: “À descoberta do interior”

Tema 7: “Museu em festa”

Tema 8: “Ao entardecer”


Então este ano foi assim:


Tema 1: “Entre o rio e a terra firme”






Tema 2: “Vidas de trabalho”


















Tema 3: “Ruas que contam histórias”




Tema 4: “Um património natural”






Tema 5: “Do antigo se faz novo”




Tema 6: “À descoberta do interior”


Tema 7: “Museu em festa”
























Tema 8: “Ao entardecer”






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quinta-feira, 12 de maio de 2022

... Lisboa ...

 


Lisboa chora dentro de Lisboa

Lisboa tem palácios sentinelas.

E fecham-se janelas quando voa

nas praças de Lisboa — branca e rota

a blusa de seu povo — essa gaivota.

 

Lisboa tem casernas catedrais

museus cadeias donos muito velhos

palavras de joelhos tribunais.

Parada sobre o cais olhando as águas

Lisboa é triste assim cheia de mágoas.

 

Lisboa tem o sol crucificado

nas armas que em Lisboa estão voltadas

contra as mãos desarmadas — povo armado

de vento revoltado violas astros

— meu povo que ninguém verá de rastos.

 

Lisboa tem o Tejo tem veleiros

e dentro das prisões tem velas rios

dentro das mãos navios prisioneiros

ai olhos marinheiros — mar aberto

— com Lisboa tão longe em Lisboa tão perto.

 

Lisboa é uma palavra dolorosa

Lisboa são seis letras proibidas

seis gaivotas feridas rosa a rosa

Lisboa a desditosa desfolhada

palavra por palavra espada a espada.

 

Lisboa tem um cravo em cada mão

tem camisas que abril desabotoa

mas em maio Lisboa é uma canção

onde há versos que são cravos vermelhos

Lisboa que ninguém verá de joelhos.

 

Lisboa a desditosa a violada

a exilada dentro de Lisboa.

E há um braço que voa há uma espada.

E há uma madrugada azul e triste

Lisboa que não morre e que resiste.

 














... poema “Lisboa perto e longe”, de Manuel Alegre





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terça-feira, 10 de maio de 2022

... com as mãos da minha Mãe ...

 

















O júri do “MAP – Mostra de Artes da Palavra” decidiu atribuir-me o 1º lugar no seu concurso de fotografia de 2022, com o tema “Partilhar”, relativamente a esta foto onde captei as mãos da minha querida Mãe. Há lá melhor símbolo de partilha?

Entretanto a Raquel Serejo Martins escreveu um poema com base na fotografia (texto a que ainda não tive acesso…), o qual a Rita Redshoes musicou e cantou no espetáculo multimédia d'A Secreta Vida das Palavras no passado dia 8 de maio de 2022, no Auditório Eunice Munhoz, em Oeiras. 




O som da gravação que fiz está mauzito, mas, como dá para dar uma ideia do que se passou no espetáculo, resolvi partilhar aqui uma pequena parte …

 


Espero que o MAP publique em breve uma gravação razoável do espetáculo poético-musical onde decorreu a apresentação das várias fotografias escolhidas (10), que foram transformadas em poesia e música por vários escritores e músicos com sensibilidades diversas, o que permitiu um evento bem saboroso.



No blogue “Somos Livros” da Bertrand Livreiros é este o retrato de Raquel Serejo Martins … (1974) é economista, vegetariana, dançava flamenco, agora estuda violoncelo, tem três gatos, vive em Lisboa. Todos os dias ouve uma canção do Sinatra, do Sabina ou do Buarque. Todos os dias lê pelo menos um poema. Tem em papel dois romances: A Solidão dos Inconstantes (2009) e Pretérito Perfeito (2013), seis livros de poesia: Aves de Incêndio (2016), Subúrbios de Veneza (2017), Os Invencíveis (2018), Plantas de Interior (2019), Silêncio Sálico (2020) e Valsa a Vau (2021), e uma peça de teatro: Preferia estar em Filadélfia (2019). Já escreveu duas canções.

… agora escreveu três …


Quanto à Rita Redshoes, desafio a que vejam o seu percurso desde quando era a baterista Rita Pereira … o que podem fazer AQUI  (o site está a precisar de atualização pois parece que após 2014 nada aconteceu, quando sabemos bem que não tem sido assim …)





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sábado, 7 de maio de 2022

... fé ...




.......










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terça-feira, 3 de maio de 2022

... a vida é trem bala ...

 















(...)

Segura teu filho no colo Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui Que a vida é trem bala, parceiro E a gente é só passageiro prestes a partir

(...)







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quarta-feira, 27 de abril de 2022

… dois e dois …

 















Como dois e dois são quatro

sei que a vida vale a pena

embora o pão seja caro

e a liberdade pequena

 

Como teus olhos são claros

e a tua pele, morena

como é azul o oceano

e a lagoa, serena

 

Como um tempo de alegria

por trás do terror me acena

e a noite carrega o dia

no seu colo de açucena

 

– sei que dois e dois são quatro

sei que a vida vale a pena

mesmo que o pão seja caro

e a liberdade pequena

 

«Dois e dois: Quatro», de Ferreira Gullar (pseudônimo de José Ribamar Ferreira), in "Autobiografia poética e outros textos"




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… para não esquecer …

 


















Porque nem só de poesia vive o homem, agora que atingimos 48 anos de democracia, depois de outros tantos de ditadura, transcrevo o texto de Paulo Marques a que o autor chamou “Só para não esquecer”:

Antes de abril de 1974, durante a longa noite do fascismo, Portugal era um país triste, pobre, atrasado e analfabeto, vergado sob o peso da repressão, em guerra em três colónias – um conflito sem sentido e sem glória, que se arrastou por treze penosos anos.

Nesse tempo, os mais audazes partiam rumo à emigração e os que ficavam tinham de se sujeitar às regras dum país pequenino e mesquinho, conservador e moralista, em que o lápis azul da censura “selecionava” o que os portugueses podiam ou não saber, isto é, ler, escrever, ver e ouvir. Uma moral castradora que cortava o beijo do filme Casablanca, proibia concertos dos Beatles e beber Coca-Cola, punia com multa um beijo na boca em público...

As palavras de ordem eram «é proibido», «não se faz», «é pecado», «parece mal».

Era necessária uma licença do Estado para usar um isqueiro ou ser proprietário de uma bicicleta; Estavam proibidos os «ajuntamentos de mais de três pessoas» na via pública; Também o divórcio era proibido (para os católicos), pelo que, todas as crianças nascidas de uma nova relação posterior ao casamento eram consideradas ilegítimas; Parecia mal uma mulher entrar na igreja de cabeça descoberta, usar calças, mostrar o umbigo, traçar a perna ou fumar, tal como estava proibida de ir de minissaia para o liceu, usar biquíni na praia, exercer o direito de voto (que lhe foi impossibilitado até final da década de 60), ausentar-se para o estrangeiro sem o consentimento do marido, aceder a certas profissões (como as da carreira diplomática, magistratura, militar e polícia) ou sacudir o pano do pó à janela; Uma enfermeira ou hospedeira do ar não podiam casar e uma professora para o fazer teria de pedir autorização superior, sendo o pretendente obrigado a apresentar dois atestados: um de bom comportamento moral e cívico e outro em como auferia rendimento superior ao da futura esposa, fazendo justificação de possuir meios suficientes para a sustentar; Entre muitas outras interdições, era proibido conduzir um táxi ou entregar correio sem boné, guiar em tronco nu, pedir esmola, andar descalço na rua, jogar às cartas nos comboios ou frequentar casinos, no caso dos funcionários públicos (encarados, à pequena escala, como representantes do Estado)...

Possuíamos um Estado regulador até ao mais ínfimo pormenor, com um aparelho repressivo e controlador assente numa legião de pides e de bufos. Quando, a 4 de agosto de 1974, a «Comissão de Extinção da PIDE e da Legião Portuguesa» dá a conhecer o poder da máquina repressiva, da mais velha e conservadora ditadura europeia, o país fica a saber que a polícia política possuía qualquer coisa como 2162 funcionários, cerca de 20 000 informadores, 80 000 legionários com 600 informadores e 200 elementos da Força Automóvel de Choque.

Escreveu António de Almeida Santos (1926 – 2016): «Um pide em cada mesa de café; um censor em cada jornal; um pé-de-cabra em cada porta; um preso político em cada família; um travão em cada vontade; um susto em cada consciência».

Só para não esquecer.




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segunda-feira, 25 de abril de 2022

... a cor da liberdade ...

 


Qual a cor da liberdade?

É verde, verde e vermelha.

 

Quase, quase cinquenta anos

reinaram neste país,

e conta de tantos danos,

de tantos crimes e enganos,

chegava até à raiz.

 

Qual a cor da liberdade?

É verde, verde e vermelha.

 

Tantos morreram sem ver

o dia do despertar!

Tantos sem poder saber

com que letras escrever,

com que palavras gritar!

 

Qual a cor da liberdade?

É verde, verde e vermelha.

 

Essa paz de cemitério

toda prisão ou censura.

e o poder feito galdério,

sem limite e sem cautério,

todo embófia e sinecura.

 

Qual a cor da liberdade?

É verde, verde e vermelha.

 

Esses ricos sem vergonha,

esses pobres sem futuro,

essa emigração medonha,

e a tristeza uma peçonha

envenenando o ar puro.

 

Qual a cor da liberdade?

É verde, verde e vermelha.

 

Essas guerra de além-mar

gastando as armas e a gente,

esse morrer e matar

sem sinal de se acabar

por política demente.

 

Qual a cor da liberdade?

É verde, verde e vermelha.

 

Esse perder-se no mundo

o nome de Portugal,

essa amargura sem fundo,

só miséria sem segundo,

só desespero fatal.

 

Qual a cor da liberdade?

É verde, verde e vermelha.

 

Quase, quase cinquenta anos

durou esta eternidade,

numa sombra de gusanos

e em negócios de ciganos,

entre mentira e maldade.

 

Qual a cor da liberdade?

É verde, verde e vermelha.

 

Saem tanques para a rua,

sai o povo logo atrás:

estala enfim, altiva e nua,

com força que não recua,

a verdade mais veraz.

 

Qual a cor da liberdade?

É verde, verde e vermelha.

 

JORGE DE SENA, 1979, in “40 Anos de Servidão”

Cantiga de Abril - Às Forças Armadas e ao povo de Portugal

«Não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade» 










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