segunda-feira, 27 de outubro de 2008

DESABAFO DE UM BOM MARIDO

Lembrei-me de uma cena que presenciei há uns tempos no Ikea. Um casal jovem dialogava sobre a compra de uns sofás. Eu estava perto, sentado à espera da Mafalda, e não pude deixar de ouvir a conversa. Os sofás eram bonitos e, principalmente muito confortáveis. Mas eram forrados a tecido … branco!.
Não consigo reproduzir a conversa do casal. Ele queria muito aqueles sofás. Mas ela tinha contra-argumentos para todas as boas razões dele …
… ele insistia, mas ela não queria.
Não resisti muito tempo … como eles tinham um ar simpático … arrisquei e disse-lhes … oh! colega, você ainda não viu que não vai conseguir levar estes sofás, elas é que mandam … SEMPRE! Não percam mais tempo!
Eles riram e avançaram para os modelos seguintes …




Recordei esta história a propósito de um texto de Luís Fernando Veríssimo que não resisto a reproduzir … já sabem como gosto das crónicas deste autor … esta chama-se:

DESABAFO DE UM BOM MARIDO


«Minha esposa e eu sempre andamos de mãos dadas. Se eu soltar, ela vai às compras.
Ela tem um liquidificador elétrico, uma torradeira elétrica, e uma máquina de fazer pão elétrica.
Então ela disse: 'Nós temos muitos aparelhos, mas não temos lugar pra sentar'.Daí, comprei pra ela uma cadeira elétrica.
Eu me casei com a 'Sra. Certa'. Só não sabia que o primeiro nome dela era 'Sempre'.
Já faz 18 meses que não falo com minha esposa. É que não gosto de nterrompê-la.
Mas tenho que admitir, a nossa última briga foi culpa minha. Ela perguntou: 'O que tem na TV?' E eu disse 'Poeira'.
No começo Deus criou o mundo e descansou. Então, Ele criou o homem e descansou. Depois, criou a mulher. Desde então, nem Deus, nem o homem, nem o Mundo tiveram mais descanso.
Quando o nosso cortador de grama quebrou, minha mulher ficava sempre me dando a entender que eu deveria consertá-lo. Mas eu sempre acabava tendo outra coisa para cuidar antes, o caminhão, o carro, a pesca, sempre alguma coisa mais importante para mim. Finalmente ela pensou num jeito esperto de me convencer. Certo dia, ao chegar em casa, encontrei-a sentada na grama alta, ocupada em podá-la com uma tesourinha de costura. Eu olhei em silêncio por um tempo, me emocionei bastante e depois entrei em casa. Em alguns minutos eu voltei com uma escova de dentes e lhe entreguei. '- Quando você terminar de cortar a grama,' eu disse, 'você pode também varrer a calçada.'
Depois disso não me lembro de mais nada...
Os médicos dizem que eu voltarei a andar, mas mancarei pelo resto da vida'.


'O casamento é uma relação entre duas pessoas na qual uma está sempre certa e a outra é o marido...'»




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