domingo, 5 de fevereiro de 2017

Bordejando


Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece. 



O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo. 



Trémulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida? 



Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"


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