quarta-feira, 16 de julho de 2014

Celebração da Cidade do México



I
Estende-se a cidade em círculos de esmeralda:
extraordinária México, oh plumagem ardente.
Por toda a parte passam em barcos os guerreiros,
através da nação, como bruma florida.

Ó ser que dás a vida, aqui é o teu lugar.
Aqui é que se ergue o teu grande louvor,
através da nação, como bruma de pétalas.

Brancos salgueiros e gladíolos brancos - cidade do México.
Desdobra as tuas asas, ó garça-real azul.

Desdobra as tuas asas e a tua cauda redonda,
porque vives na cidade como uma verdade profunda,
como neve florida.



II
Reina a cidade entre nenúfares de esmeralda,
sob a esmeralda do resplendor solar:
e os príncipes regressam como neve florida.

Ó ser que dás a vida, aqui é a tua casa.
Aqui é que ressoa o teu grande louvor.

Sobre os brancos salgueiros e os ciprestes brancos,
passas voando, ó garça-real azul.
Através da nação desdobras as asas soberbas,
a tua cauda redonda.

Que viva para sempre nesta cidade profusa
o deus em quem se apoiam
o alto céu, a terra funda - ele, o rei
da vossa mortal tristeza.

E erguem-se os gritos antes da batalha.
O guerreiro faz crescer a aurora
através da cidade florida.

E todos regressam sob os leques de plumas,
sob as caudas abertas de assombrosas pedrarias.
- Nas mãos do deus,
um suspiro de tristeza dobra o guerreiro
como um arco.

Herberto Helder, O Bebedor Nocturno (poemas mudados para português)



1 comentário:

Ideiafix disse...

Isto andava morto! É sempre bom ver boas fotos e ler boa poesia. Agora não pares Milou!