Li que há dias morreu Tsutomu Yamaguchi.
Paz à sua alma!
Trago aqui esta referência designadamente porque postei já esta semana a música e o poema da “Rosa de Hiroshima”. É uma música de que eu gosto e que resulta muito bem com aquela vozinha do Ney, a qual transmite muito bem a mensagem da letra.
Ora, o falecido Tsutomu Yamaguchi (que morreu com 97 anos) era a única referência viva que presenciou o lançamento e as explosões das bombas atómicas de Hiroshima e de Nagasáqui, tendo sobrevivido a ambas (por isso é que era uma referência viva!). Era um engenheiro naval que estava em Hiroshima a trabalhar em 6 de Agosto de 1945 quando os EUA lançaram a 1ª bomba atómica sobre o Japão. Estava na rua, a cerca de 2 km do local do impacto, mas apenas queimou um braço. Para se tratar voltou para a sua casa em Nagasáqui (escolheu bem!) onde, dois dias depois os bombardeiros americanos largaram a segunda bomba. Apesar de ali terem morrido 75 mil pessoas, Yamaguchi voltou a escapar.
Nestes dias em que todos nos surpreendemos com a violência da terra quando lhe apetece abanar, é bom lembrar que os homens de quando em vez têm a mania de resolver os seus problemas com terramotos atómicos e similares. Pelo menos em dias de agonia como os que se vivem hoje no Haiti, é bom notar que o mundo está quase em uníssono num esforço de solidariedade que traz ao de cima os bons valores da humanidade e atenua a imagem negra daqueles que insistem em matar, com pequenas balas ou com bombas de destruição maciça.
James Cameron visitou Yamaguchi quando ele já estava internado num hospital, ao que consta porque tem em carteira um projecto de um filme sobre as bombas atómicas. É que, nos seus últimos anos de vida, o japonês usou o seu mediatismo e o seu conhecimento para fazer campanha pela desnuclearização. Pretendia encontrar-se com o actual presidente dos EUA mas nunca chegou a concretizar essa sua intenção. Foi agora encontrar-se com o presidente que há meios século atrás o mandou matar ... espero um bom diálogo! Atómico!