Estas “Moçoilas” cantam, normalmente à capela, músicas
tradicionais do Algarve, sobretudo da Serra do Caldeirão.
Por vezes, fazem algumas
incursões ao Alentejo e à raia de Espanha... e também cantam e encantam com interessantes memórias.
Oiçam esta …
Senhores,
sou mulher de trabalho,
e falo com poucas maneiras,
porque as maneiras,
são como a luva que calça o ladrão.
Ás vezes,
eu ponho-me a pensar,
na vida das trabalhadeiras,
e nas canseiras,
com que ganhamos a fome e o pão.
Já agora, e como mera curiosidade, este poema, que as
Moçoilas não cantam na íntegra, continuava assim quando no distante período
revolucionário era cantado pelo Grupo de Ação Cultural mais conhecido por GAC:
Há tanta gente como eu,
tantos que pensam como eu,
e a minoria que nos rouba e mente,
são os burgueses que mandam na gente.
Cravos, gravatas e bonés,
nunca vi tantos rapa-pés,
enquanto for o burguês a mandar,
é o fascismo que vai regressar.
Senhores,
sou mulher de trabalho,
e falo paras as trabalhadeiras,
sem as maneiras,
dos democratas da governação.
Ás vezes,
cheguei a acreditar,
que a nova democracia,
acabaria,
com o fascismo e a exploração.
Mas se isto assim continuar,
com os patrões a comandar,
o desemprego e a carestia,
são os canhões que nos querem matar.
E enquanto nos dizem para votar,
já está o burguês a preparar,
outro fascismo de cara mudada,
enquanto a gente anda assim enganada.
Senhores,
sou mulher de trabalho,
estou farta dessas brincadeiras,
são só maneiras,
de nos prenderem com outro cangaço.
Ás vezes,
eu ponho-me a falar,
e digo às minhas companheiras,
outras maneiras,
de nos unirmos para dar mais um passo.
Vamos lutar e sanear,
vamos ser nós a comandar,
com esta luta por um mundo novo,
e os operários à frente a guiar.
E há tanta gente para lutar,
pela democracia popular,
que não há falsos amigos do povo,
que nos impeçam de um dia ganhar.
E há tanta gente para lutar,
pela democracia popular,
que não há falsos amigos do povo,
que nos impeçam de um dia ganhar.
Escutemos: