Ergueu-se enorme, vermelha de raiva, uma lua acusadora.
Encheu-se das promessas que incumprimos; inchou na solidão dos encontros a que faltámos.
Sobre esta minha praia e sobre aquela tua baía, ergueu-se, acusadora, a lua que traímos.
Impõe-se, agora, alta e plena, ao negro profundo que é o espelho vazio do nosso desamor.
Pendurada num resto de céu, denuncia ao mundo o nosso crime.
E escurece-nos.
A lua sempre enche de negro aqueles a quem, por mil e uma noites, iluminou.
Trazido do fantástico galeão da Cuca, a pirata, que é o melhor sítio para se ver a lua (neste navio)