As plantas acenavam ao vento de agosto, nas suas hastes fina e verdes. E disse-me a mais faladora de todas, alta e trigueira:
– Dás-me dez anos da tua vida?
Eu só tinha cinco anos, pus-me a contar pelos dedos, vi que
ia ficar com muito pouco.
– Dou – disse eu.
E ainda hoje, que nunca mais soube de mim, vou com o vento,
balouçando. E agosto é todo o ano para mim.
Ruy Belo poema “Planta alta e trigueira”, in “Homem de
Palavra[s]”
___________________________________________________
Sem comentários:
Enviar um comentário