Com realização de Teresa Prata, estreou nas salas portuguesas (em poucas e nas grandes cidades pois o povo do campo não merece estas coisas!!!) o filme “Terra Sonâmbula” que tem por base um livro de Mia Couto (para ver o trailer, cliquem AQUI).
Não vi o filme, mas li o livro e admito que seja uma boa altura para deixar aqui umas notas sobre a “Terra Sonâmbula”, cuja acção decorre nos tempos da guerra de Moçambique, descrita com um realismo merecido, que impressiona, como perturbam todas as guerras.
As personagens, um misto de figuras míticas e gente simples e humana, transformam o livro numa obra que tem merecido elogios de muitos quadrantes. “Terra Sonâmbula” foi inclusivamente considerado como um dos doze melhores livros africanos do século XX pelo júri da Feira Internacional do Livro do Zimbabwe (ou será Zimbabué?).
Não vislumbro argumentos na “Terra Sonâmbula” para considerar o livro como uma obra tão relevante. Porém, eu não sou africano, pelo que admito não o saber apreciar na devida medida.
Se a “Terra Sonâmbula” não me encantou, a escrita de Mia Couto (cuja obra não conheço como provavelmente devia …) deixou marcas, como aquelas que fui assinalando enquanto lia. Reproduzo-as aqui, para exemplificar porque achei a linguagem marcadamente imaginativa:
- “Se o cansaço é uma velhice súbita eu já me contava pelas últimas idades”.
- “Eu esperava dele um pequeno sentimento paterno, por deslize que fosse”.
- “Meu peito bumbumbava acelerado”.
- “O velho pondera: não valia a pena insistir. O melhor seria uma mentira, dessas tecidas pela bondade”.
- “Acenei que sim. Mas meu coração se pequenou constreitinho”
- “Pode acabar no país, Kindzu. Mas para nós, dentro de nós, essa guerra nunca mais vai terminar”.
- “Não esqueças, patrão. A riqueza é como o sal: só serve para temperar”.
- “No fundo da latrina não pode haver guerra limpa”.
- “Isso é bebida que estava dentro do sangue há muito tempo. Nos tempos, eu bebi tantíssimo”.
- “O caminho é que escolhia o homem. Afinal, toda a direcção do embriagado e sempre conveniente”.
- “Afinal, em meio da vida sempre se faz a inexistente conta: temos mais ontens ou mais amanhãs?”
É assim, simples …
Não vi o filme, mas li o livro e admito que seja uma boa altura para deixar aqui umas notas sobre a “Terra Sonâmbula”, cuja acção decorre nos tempos da guerra de Moçambique, descrita com um realismo merecido, que impressiona, como perturbam todas as guerras.
As personagens, um misto de figuras míticas e gente simples e humana, transformam o livro numa obra que tem merecido elogios de muitos quadrantes. “Terra Sonâmbula” foi inclusivamente considerado como um dos doze melhores livros africanos do século XX pelo júri da Feira Internacional do Livro do Zimbabwe (ou será Zimbabué?).
Não vislumbro argumentos na “Terra Sonâmbula” para considerar o livro como uma obra tão relevante. Porém, eu não sou africano, pelo que admito não o saber apreciar na devida medida.
Se a “Terra Sonâmbula” não me encantou, a escrita de Mia Couto (cuja obra não conheço como provavelmente devia …) deixou marcas, como aquelas que fui assinalando enquanto lia. Reproduzo-as aqui, para exemplificar porque achei a linguagem marcadamente imaginativa:
- “Se o cansaço é uma velhice súbita eu já me contava pelas últimas idades”.
- “Eu esperava dele um pequeno sentimento paterno, por deslize que fosse”.
- “Meu peito bumbumbava acelerado”.
- “O velho pondera: não valia a pena insistir. O melhor seria uma mentira, dessas tecidas pela bondade”.
- “Acenei que sim. Mas meu coração se pequenou constreitinho”
- “Pode acabar no país, Kindzu. Mas para nós, dentro de nós, essa guerra nunca mais vai terminar”.
- “Não esqueças, patrão. A riqueza é como o sal: só serve para temperar”.
- “No fundo da latrina não pode haver guerra limpa”.
- “Isso é bebida que estava dentro do sangue há muito tempo. Nos tempos, eu bebi tantíssimo”.
- “O caminho é que escolhia o homem. Afinal, toda a direcção do embriagado e sempre conveniente”.
- “Afinal, em meio da vida sempre se faz a inexistente conta: temos mais ontens ou mais amanhãs?”
É assim, simples …
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